Continuando a série PMBOK 5a edição (http://bit.ly/pmbok5aedicao)
O que é um projeto?
Um projeto é um esforço temporário para criar um produto, serviço ou resultado único.
Vamos destrinchar esta frase, e entenderemos bem o conceito:
“Esforço”:
Uma tentativa séria e honesta de fazer algo. É exigido trabalho de uma ou mais pessoas.
“Temporário”
Tem começo e fim bem definidos. Não é para sempre, começa num determinado dia, e acaba em algum dia. A duração pode ser curta ou muito longa, mas uma hora termina.
O término pode ocorrer porque os objetivos do projeto foram alcançados, ou porque eles não são mais necessários ou ainda porque não é mais viável conseguir os objetivos. Também o projeto pode ser cancelado por outros motivos.
Se o esforço for algo contínuo, ele provavelmente é um processo e não um projeto.
“Criar”
A partir de algum tipo de “matéria-prima” (tangível como um tijolo, ou intangível como um conhecimento), constroe-se algo (também tangível como uma casa ou intangível como um novo conhecimento).
“Produto, serviço ou resultado único”
O projeto existe para criar algo único, podendo ser tangível ou intangível. Se o esforço cria sempre as mesmas coisas, por exemplo, uma garrafinha de água que a gente compra no mercado, ele é uma linha de produção e não um projeto. No entanto, poderia haver um projeto para montar a linha de produção da garrafinha de água.
O fato do resultado do projeto ser algo único torna o próprio projeto algo único. Os objetivos, circunstâncias, pessoas, e outras variáveis são diferentes de projeto para projeto.
Por exemplo, a garrafinha de água é “criada” numa linha de produção onde quase todas as variáveis são estáticas: a água sempre entra com a mesma qualidade, as máquinas são sempre as mesmas e funcionando normalmente, os funcionários que operam as máquinas são “quase” sempre os mesmos. Dessa forma, milhares de garrafinhas de água são “criadas” da mesma forma, dentro de um processo ou linha de produção.
Contruir casas, no entanto, está mais para projetos. Mesmo que uma empreiteira vá construir uma série de casas “iguais”, os terrenos das casas podem ser diferentes, as condições metereológicas pode ser diferente para a construção de cada casa e etc, fazendo assim que as condições para construir as casas não sejam tão “iguais”.
Exemplos de saídas de projetos podem ser:
-Um produto ou componente de um produto (ex: um bolo de casamento personalizado ou uma fábrica de bolos de casamento).
-Um serviço ou capacidade de fazer um serviço (ex: um corte de cabelo ou a toda a preparação necessária para montar um salão de beleza)
-Uma melhoria de uma linha de produto ou serviço (ex: expandir a fábrica de bolos)
-Um resultado ou documento (ex: uma fórmula química para fazer um remédio ou um novo projeto de lei para distribuir um remédio gratuitamente)
[Fim do resumo da seção 1.2]
Veja que em alguns casos é difícil saber se determinado esforço é está mais para projeto ou para um processo, porque existe uma graduação bem ampla entre eles:
Processo <———————————————-> Projeto
Por exemplo:
Uma linha de produção de garrafas de água:
Processo <-X——————————————-> Projeto
Uma linha de produção de navios:
Processo <———————————-X———-> Projeto
Tudo depende da quantidade de variabilidade existe nos resultados e condições para a realização do mesmo. Quanto mais diferentes, mas o esforço deve ser tratado como um projeto.
Acho que foi exatamente esse ponto que fez com que a indústria de desenvolvimento de software passasse por uma série de crises metodológicas.
Algumas pessoas acreditavam que criar softwares era como criar as garrafinhas de água, em que se podia fazer uma linha de produção e tratar todo o desenvolvimento de software da mesma maneira.
Hoje já encaramos que cada software é MUITO diferente de qualquer outro e, por isso, deve ser tratado como um projeto, um esforço temporário para criar algo único.
Agora, quando olhamos para um framework ágil como o Scrum, podemos enxergar algo bem interessante. É como se cada Sprint fosse um projeto (esforço temporário = sprint, para criar algo único = sprint backlog), mas os Sprints em si fazer parte de um processo maior que é a criação iterativa do produto final.
O que você acha? Faz sentido?
Vitor Ciaramella